Desde quando uma banca de jornal vira fonte de divulgação?
A resposta é: desde sempre.
Hoje estamos inaugurando (de fato) o nosso quadro de todo o domingo. E, recapitulando rapidamente, o domingo passado eu dediquei à introdução.
Vamos falar da Arte como um produto.
E o caso de hoje é bem fácil de entender o motivo do sucesso. Mas o que mais me surpreendeu foi a motivação.
Revolta.
É provável que você já tenha ouvido falar do Lobão, o roqueiro brasileiro Lobão.
Confesso que a pessoa do Lobão não me agrada muito. Ele é meio controverso e meio esquisito. Mas isso não importa.
Vamos deixar de lado a pessoa Lobão e falar do Artista Lobão e a sua sacada genial.
O Lobão foi um roqueiro na sua essência. Começou no roque meio desgostoso da vida, e foi, de revolta em revolta, se reinventando.
Numa dessas o cara me faz a única coisa que um artista do ramo da música não poderia fazer em meados da década de 80 e 90.
Brigar com as gravadoras.
Hoje em dia você se você tiver um pouquinho mais de cascalho, consegue produzir e divulgar sua música de forma independente.
Naquela época não.
E por quê?
Porque não havia mídia digital.
Primeiro vieram os discos de vinil, depois o restante (fitas cassetes, CD, DVD). Tudo físico.
Isso significa que para divulgar a sua arte era preciso da benção da indústria fonográfica. Era tudo muito custoso.
Tinha que beijar a mão de algum empresário ou cair nas graças de algum outro artista já consagrado.
Difícil, né?
É aí que entra a
genialidade
Lobão teve sorte, por assim dizer, se fosse na época do vinil, a briga dele com as gravadoras teria dado um belo game over para ele.
Felizmente já era era do CD.
Lobão conseguiu cascalho para gravar de maneira independente, mas faltava distribuir.
Fazer um acordo com lojas que já estavam no círculo da indústria fonográfica me parece ser complicado.
A solução?
Banca de Jornal.
Existe alguma coisa mais presente por todos os cantos do Brasil que uma banca de jornal?
E foi assim que o Lobão conseguiu gravar, e divulgar sem depender de terceiros, mas não foi só isso.
Não mesmo!
Ele ainda usou a sua influência para criar uma revista própria, colocando outros artistas no caminho da independência.
A grande lição?
Jogue nas suas regras, nos seus ternos.
É fácil? Não.
É arriscado? Talvez.
Tem retorno? Isso depende só de você.
Perceba que o Lobão não reinventou a roda. Ele só mudou as regras do tabuleiro.
E como eu também não pretendo inventar, fica aqui meu convite para se inscrever na minha lista.
Este tipo de Inspiração onde comento sobre a Arte como um Produto, você vai ver por aqui.