Produto Arte #9 Miseravelmente Humano

Quem sofre a dor de produzir Arte, sabe que a produção artística é um caminho duplo. E sem volta.

A maior dificuldade da Arte é conseguir tocar as pessoas. Para alguns essa afirmação vai soar completamente estranha, para outros extremamente natural.

A verdade é que eu nunca vi desenho animado como Arte, nem mesmo lá pelos meus 16 anos quando conheci a magnífica obra Cowboy Bebop (Shinichiro Watanabe, 1998).

Eu fiquei apaixonado pelo desenho (desenho e anime são sinônimos, ok?) apesar de não ter sido tocado por toda a complexidade e profundidade da obra. Só lá pelos 30 anos que eu realmente entendi que se tratava da miséria humana.

Sabe o mais interessante de tudo?

Muitos outros animes também vão nessa linha.

Mas de maneiras completamente diferentes e às vezes inusitadas.

Foi o que aconteceu com Hunter x Hunter (x significa  “versus”)

Meu sobrinho (o mesmo do email de ontem) comentou que era o anime favorito dele. Eu prontamente contra argumentei: como pode um desenho onde o protagonista tem 10 anos, cabelo espetado e poder o bastante para destruir o mundo com um soco ser bom?

O desenho é bem meia boca até o arco conhecido como Genei Ryodan, que em português significa “Trupe Fantasma”.

Eu gostei tanto do nome que me inspirei nele para dar título ao Produto Arte # 4 Trupe Digital.

Pois bem. 

O Genei Ryodan foi absurdamente bem escrito, deixando os protagonistas infantis menos protagonistas enquanto abria espaço aos personagens mais adultos.

Tudo isso em um Thriller muito (muito mesmo) tenso onde assassinatos e poder financeiro se misturavam em uma trama que parecia nunca se desenrolar.

E apesar do arco seguinte, “Ilha da ganância” começar bem bocó, é no último arco “Formigas Quimera” que a genialidade miserável floresce. 

É sobre estranhas formigas vindas do chamado “continente sombrio”. Elas tinham, através da Rainha, a capacidade de absorver as características do seu alimento.

Quase desisti do anime por conta disso. As formigas começaram a virar coalas, lagostas, camaleões e por aí vai. 

Achei bocó demais.

Mas essa é a tal da liberdade, vamos respeitar, né?

Voltando o foco, foi se alimentando de humanos, que as formigas quimera começaram a refletir os comportamentos miseráveis e egoístas.

As últimas ninhadas de formigas a nascerem se tornaram seres mais conscientes e questionadores, até o nascimento do Rei.

Veja só como foi genial o ápice da história.

O Rei-Formiga é o supra sumo da miséria humana.

Após cruelmente matar (inclusive formigas) até saciar sua fome, ele começa a ler alguns livros humanos e descobre alguns jogos de tabuleiro.

Ele foi jogando e vencendo alguns humanos em vários jogos diferentes até chegar no fictício Gungi. A melhor jogadora é uma exótica menina cega, ingênua e totalmente alheia ao mundo externo. Tudo que importava para a jovem Komugi era jogar Gungi, a única coisa que ela, segundo ela mesmo, sabia fazer bem.

E bota bem nisso. O Rei-formiga não conseguia vencê-la.

Mesmo após horas e horas de jogatina, reflexões profundas e lições dadas pela Komugi, a vitória do Rei não aconteceu. Em vez disso, ele foi descobrindo pouco a pouco, na fragilidade da menina cega, uma humanidade que se mostrava simultaneamente miserável e bela.

E como esse é um anime de luta, a trama exigia uma batalha final do Rei-Formiga, né?

Ao lutar e vencer o humano mais forte, o veterano Netero, o Rei-Formiga se depara com duas revelações assustadoras: a primeira é a sua identidade, Meruem, nome que a Rainha-Formiga-Mãe lhe deu antes de morrer. 

(o nascimento de Meruem foi artisticamente comparado a um parto humano difícil que exige um último ato de amor e sacrifício por parte da mãe, que lhe dera um nome antes de morrer)

A segunda foi a existência de uma bomba nuclear no corpo de Netero que, incapaz de vencer Meruem, se sacrifica para salvar a humanidade.

A explosão não mata Meruem mas a contaminação com a radiação é inevitável. 

Ciente que morreria, Meruem desesperadamente busca por Komugi para passar seus últimos momentos jogando Gungi com sua invicta adversária.

Ciente que também seria contaminada, Komugi aceita, de bom grado, seus momentos finais porque para ela nada além do jogo (Gungi) importava.

Meruem nunca havia sido chamado pelo nome sem uma reverência, e esse foi seu último pedido: 

“Estou cansado, vou me deitar um pouco, continuamos depois que eu acordar. (…) Você pode segurar a minha mão? (…) Poderia me chamar pelo nome, só o nome uma vez?”

Em lágrimas e já com sangramentos por conta da radiação, e Meruem em seu colo, Komugi responde.

“Durma bem, Meruem, em breve vou me juntar a você”

No final das contas, só o que nos sobra é miséria.

Nascemos da dor.

Vivemos com dúvidas.

Morremos na dor.

Existem dois entendimentos capazes de transformar toda essa miséria em beleza: o Espiritual e o Artístico.

Somente Arte é capaz de transformar, de maneira honesta, a miséria humana em um Produto.

Com todas as camadas de profundidade.

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