Vergonha! O que acontece quando o filho do dono escreve a Copy?

Debochando, meu pai frequentemente falava uma das frases mais impactantes sobre Negócios: “É o filho do dono”. 

Era quase como um tipo de resposta padrão para todas as vezes que meu pai via algo mal feito em algum estabelecimento.

Como a história sempre se repete, o que vi esses dias no shopping não foi nada diferente.

Pensa numa perfumaria tentando passar uma imagem de luxo e requinte para seus clientes e…

falhando miseravelmente

Pois bem, serei, como de costume, justo. 

A equipe o filho do dono criou uma peça para uma campanha de branding, algo que é bem difícil de fazer, mas não pelos motivos que você acha.

Vou falar das dificuldades só mais adiante, assim tudo fica mais claro na sua mente.

Por ora eu vou mostrar uma das peças de campanha mais ridículas que eu já vi. Tão ridícula que cheguei a dar gargalhadas.

E se você me acompanha, sim, aconteceu no mesmo dia que a minha filha de 5 anos percebeu o quão inúteis esses telões publicitários são.

Mas vamos ver o lado bom das coisas, ao menos eu ri bastante das duas situações.

A primeira situação eu vou pular. Já falei sobre isso. Se você perdeu, basta dar uma olhada na sua caixa de email.

(se você for inscrito recente, peça que eu envio)

Já na segunda pérola, uma agachadinha (você não leu errado) foi o motivo das minhas gargalhadas.

Vou explicar melhor para você ver o quão ridícula foi a situação.

……………………………………………………

Tomada 1

Uma mulher vestida com vestido tubinho preto co-la-do no sinuoso corpo anda em direção à câmera. Atrás, a prateleira da loja. Ao chegar perto da câmera ela faz um gesto como quem ajeita o cabelo para mostrar os brincos.

(A essa altura, ela está bem fora do quadro e a solução mirabolante da equipe do filho do dono foi pedir para a querida dar uma agachadinha)

Tomada 2

(a agachadinha continua de baixo para cima, agora com a pobre atriz no quadro certo)

A imagem dela se agachando mais longe se dissipou dando lugar a ela levantando (efeito de fade in/fade out), já com o quadro bem focado em uma das suas orelhas.

(detalhe, tudo é tão rápido que nem dá para ver direito. Era para mostrar o brinco?)

Tomada 3

A moça segura uma taça de vinho e, depois dos clássicos movimentos circulares, esse tão idiossincrático feitiche enofílico, ela dá um gole no fermentado de uvas.

Tomada 4

Corta para a donzela que coloca um perfume em seu pescoço.

(dessa vez o enquadramento da câmera estava correto)

Tomada 5

Agora a donzela termina de se emperequetar com um batom em creme com aplicador em pincel, retocando o que definitivamente não precisava de retoque.

(o reboco na cara da moça já estava impecável)

Tomada 6

Corta para donzela com a famosa pose wall lean one leg, encostada na bancada da loja (com o nome da loja bem grande, obviamente). Ao terminar de degustar o suco de uva adulto, ela dá uma leve chacoalhada nas madeixas após uma golada.

Tomada 7 (a mais sem sentido de todas)

A moça do vestido colado sopra suavemente uma vela daquelas bem sofisticadas, com base de vidro e tudo. Daí acaba o vídeo no instante do sopro.

(e recomeça esse show de horrores em loop)

……………………………………………

Fim 

Pois bem, deixa eu dar algumas explicações que são bem óbvias para quem sabe minimamente o que está fazendo, mas não para a equipe para o filho do dono da loja.

Primeiramente, todo branding se faz através de uma espécie de história/narrativa/premissa que deve se conectar de alguma forma com o público.

Pelo que entendi, a tentativa foi apresentar um ambiente de sofisticação, ok.

Mas não tem sofisticação que resista uma AGACHADINHA aleatória, né?

Sério… agachadinha foi foda! 

Agachadinha e sofisticação não combinam, né?

Sem contar que a coisa já começa mal, com uma prateleira cheia de produtos ao fundo da tomada 1.

Prateleira cheia e sofisticação não combinam.

Se está cheio, é por falta de espaço, e falta de espaço é coisa de pobre. Simples assim.

Os caras nem se deram o trabalho de reorganizar a prateleira com alguns símbolos para fazer aquele apelo indireto/subjetivo que serve para dar profundidade dramática à cena.

Pois é…

Segundamente, eu devo ter visto o vídeo em loop umas 600 vezes e até agora não entendi qual foi o motivo da ajeitada de cabelo atrás da orelha, já que não deu para ver nem brinco nem outro acessório.

Daí você soma o brinco que eu não vi com o vinho e a vela e temos o quê?

Exatamente, você acertou: 

PORRA NENHUMA!

A loja não tem velas, vinhos ou joias. Então esses símbolos deveriam aparecer indiretamente/subjetivamente como auxiliares da narrativa de sofisticação.

Mas em se tratando de branding, o tom da narrativa é só a primeira dificuldade. 

Quem faz branding deve ter em mente duas batalhas: A primeira é a noção de que esse é um trabalho em função do tempo, ou seja, tem que ser resiliente e consistente. Não se coloca uma ideia na cabeça das pessoas da noite para o dia. A segunda é que branding não traz cascalho de imediato, capisci

Sabe como eu resolveria essa parada?

Com pesquisa.

Antes de mais nada, é imprescindível compreender aquilo que o público entende como sofisticado, até porque existem muitas e muitas camadas de entendimento sobre o tema. Isso varia muito de acordo com classe social, por exemplo.

O método é bem simples: pergunte! A resposta jaz no respeitável público.

Mas tem que fazer a pergunta certa, e isso não é tarefa tão fácil.

Normalmente a cabeça das pessoas aponta para uma direção e a carteira para outra.

Você saberia qual pergunta fazer?

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